Confesso: antes do Jalapão, eu nunca tinha feito uma trilha. Meu conceito de viagem envolvia hotéis confortáveis, restaurantes badalados e sinal de Wi-Fi full time. Mas algo dentro de mim pedia uma pausa, uma ruptura. Um amigo sugeriu: “Vai pro Jalapão. Lá você se escuta.” Achei exagero. Mas fui. E voltei transformado.
O impacto do silêncio e da imensidão
Logo no primeiro dia, a estrada de terra me tirou da zona de conforto. Mas bastou o primeiro contato com o Fervedouro do Ceiça para tudo fazer sentido. Flutuar sem esforço, cercado por mata, me deu uma sensação de leveza que eu não sabia que existia fora da terapia.
À noite, o céu estrelado do Jalapão não permitia distrações. Longe das notificações, comecei a prestar atenção em coisas simples: o som dos grilos, o vento nas folhas, a conversa com os guias — pessoas que vivem com tão pouco e parecem ter tanto.
Simplicidade que ensina
Cada parada era uma aula de reconexão: Cachoeira da Velha, o mirante da Serra do Espírito Santo, o nascer do sol depois da subida, tudo isso me desconectava do mundo, mas me conectava comigo mesmo.
Lembro de uma conversa com uma senhora em uma comunidade quilombola que me disse: “Aqui a gente não tem muito, mas vive devagar, e isso já é um luxo.” Voltei com essa frase martelando na cabeça.
Mudanças reais depois da viagem
Desde que voltei, algo em mim mudou. Passei a questionar excessos: de tempo, de consumo, de preocupações. Comecei a fazer trilhas em São Paulo, reduzi o tempo no celular e, pela primeira vez, troquei um fim de semana no shopping por uma feira de orgânicos e uma caminhada no parque.
Não foi só uma viagem. Foi um reencontro.
Para quem está pensando em ir…
Vai! Mesmo que você ache que não é “do mato”, vá. O Jalapão não exige que você seja aventureiro — só que esteja disposto a se abrir. Leve pouca bagagem (na mochila e na cabeça) e se permita sentir. Porque lá, a gente aprende que às vezes, tudo que você precisa… é de menos.
